Desculpe se você estiver recebendo o mesmo e-mail pela segunda vez. Ainda estou aprendendo a usar a plataforma e tive um problema com o primeiro envio.
O que escrever na primeira edição da newsletter? Eu disse que quero me aprofundar em alguns assuntos, mas quem sou eu para me aprofundar em qualquer coisa? Eu não tenho profundidade nenhuma, eu sou generalista, sei um pouco de muitas coisas, mas é só isso. Por que essas mais de 70 pessoas querem ler o que eu escrever?
Foi isso o que eu pensei todas as vezes que abria o arquivo em branco para começar a escrever. Ideias? Tenho muitas, o tempo todo. Mas nenhuma delas parecia boa o bastante.
Essa insegurança não bate apenas quando vou escrever, é uma insegurança geral. Mesmo sabendo que pessoas de produto são profissionais generalistas, eu sempre acredito que estou um passo atrás.
Quando converso com pessoas em transição ou início de carreira, frequentemente ouço que elas se sentem incapacitadas por não ter experiência com X, por não poder fazer o curso caro da escola Y e por aí vai. Eu, sendo uma pessoa delicada como um rinoceronte, respondo que essa sensação não passa.
E não passa mesmo, só aprendemos a não deixá-la nos paralisar. Para mim, isso acontece de duas formas:
Analisar a situação objetivamente;
Não tomar decisões quando estiver com o emocional abalado.
Fora do contexto de produto, um exemplo que costumo citar é o de uma viagem. Eu amo viajar, mas odeio voar, tenho muito medo de altura, qualquer pequena turbulência já é suficiente para me deixar nervosa. Deixo de viajar por isso? Não. O que eu faço? Planejo minhas viagens com antecedência. O distanciamento me ajuda a olhar para os dados e entender que viajar de avião é mais seguro do que viajar de carro.
Nos últimos anos, venho tentando fazer o mesmo com a minha carreira. Seja como gestora no meu trabalho oficial ou como mentora, uma das minhas primeiras sugestões é que as pessoas façam uma avaliação de suas habilidades. Na Minu, onde estou atualmente, utilizamos o Product Competence Toolkit, do Ravi Mehta, mas também já usei a PM Wheel da Petra Wille.
Não importa qual modelo você vai usar, desde que entenda cada competência e se avalie honestamente.
Fiz a auto-avaliação, e agora?
Agora você vai perceber que está longe de tirar “nota máxima” em tudo e vai começar a surtar, mas eu estou aqui para te dizer que você não precisa tirar nota máxima em tudo.
Minha recomendação para quem está em transição de carreira é usar a avaliação para identificar e maximizar seus pontos fortes. Eu tenho certeza que você tem pelo menos um ponto forte, então você vai se dedicar para ser excelente nesse ponto, ao mesmo tempo em que busca conhecimentos introdutórios sobre todos os outros.
Mas é só isso?
Não, esse é o primeiro passo e nem é o mais importante - mas vai te ajudar a chegar nele. Para mim, a característica mais importante de uma pessoa de produto é a capacidade de se virar.
Conhecer seus pontos fortes vai te ajudar a escolher melhor as vagas, mas é a capacidade de se virar que vai te ajudar a navegar pela profissão sem ser forte em tudo.
Pode soar duro (delicada como um rinoceronte, lembrem-se), deixe-me explicar.
A capacidade de se virar não significa:
Fazer tudo sem ajuda;
Aceitar empregos abusivos em que tudo é jogado nas suas costas.
Pelo contrário, se virar é saber quando pedir ajuda, quando perseguir uma ideia, quando desistir.
Como exemplo, vamos falar de Discovery - um ponto fraco na maioria das pessoas de produto que conheço. Se você souber se virar, você não precisa saber tudo sobre todos os métodos, frameworks, ferramentas etc, você só precisa saber que eles existem. Quando precisar, você vai saber onde procurar por mais informações e a quem pedir ajuda. É o famigerado jeitinho brasileiro, em um contexto mais positivo do que normalmente vemos.
Gosto de contratar pessoas em transição de carreira, porque elas já costumam chegar com essa habilidade. Gosto de pessoas que já viveram e já apanharam um pouco da vida. Mas o que estou dizendo se aplica em todos os momentos de carreira, inclusive no meu.
Como GPM, eu sei muito menos do que gostaria de saber, mas meu trabalho está sendo feito e dando resultados, porque eu sou ótima em me virar. Aos poucos, de “se vira” em “se vira”, a gente vai absorvendo mais conhecimento até se sentir confiante para dizer que sabe aquilo.
Nunca se esqueça das sábias palavras de Alanis Morrissette: Você aprende.
Para pensar
Qual foi a última vez que você se deparou com uma situação que não sabia como resolver? O que você fez? Como você se virou? O que você gostaria de ter feito? Como você pode aplicar essa situação ao seu trabalho de produto?
Aleatoriedades
3 meses
Esta semana, completo 3 meses de Minu. Foi o que me levou a pensar sobre desenvolvimento de carreira e escrever esse texto não tão eloquente quanto eu gostaria (prometo que os próximos serão melhores). Os primeiros três meses sempre me deixam apreensiva (o tal do período de experiência), mesmo tendo feedback positivo.
A lua-de-mel acabou e já consigo enxergar os problemas da empresa (toda empresa tem problemas), mas também consigo ajudar a resolver alguns deles. É nesse momento que fica mais interessante.
Spoiler
A próxima segunda-feira, dia 25 de julho, marca o Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional da Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
O time de redes sociais do Mulheres de Produto está preparando uma semana especial em que todos os conteúdos serão criados por (e para) mulheres negras. Siga-nos no Instagram, LinkedIn e Twitter.
Vale a pena ler de novo
Vai fazer um processo seletivo? Dá uma olhada nesse post e evite erros que podem custar a sua aprovação.
Ci, parabéns pela observação da própria jornada e pela coragem em se colocar nas situações “se vira”. ❤️❤️